PT E LULA – DOIS SÍMBOLOS E UM FRACASSO
PT E LULA – DOIS SÍMBOLOS E UM FRACASSO
Ternuma Regional Brasília
por José Alberto Tavares da Silva(12/08/2005)
O PT - Partido dos Trabalhadores - durante duas décadas, com muito esforço de um grupo de filiados de real expressão intelectual, responsável pelas discussões das diretrizes e formas de condução da agremiação, e muita gritaria estridente de uma militância adestrada para os embates de rua, caracterizou-se, desde o início, como um partido desejoso de se mostrar diferente de tudo o que existia no mundo político brasileiro, de há muito carcomido por interesses escusos, nepotismo e corrupção.
Arvorou-se em símbolo da Política com ética, com respeito à moral e exemplo de conduta.
O Sr. Luis Inácio da Silva, que acrescentou ao nome o apelido pelo qual era conhecido – LULA – foi um dos idealizadores e fundadores do partido, com base em sua experiência na atuação sindical. Dotado de inegável capacidade de liderança popular, demonstrada na condução dos movimentos grevistas, despontou, logo, como o mais forte dirigente partidário, tornando-se o operário-símbolo de um sindicalismo vitorioso.
A partir de então, o PT passou a girar em torno da figura emblemática do torneiro-mecânico que procurou imprimir à direção partidária os mesmos princípios autoritários exercidos no sindicato que controlava com mão de ferro.
Após uma longa e atribulada caminhada na direção do Poder, finalmente, na quarta tentativa, o PT viu seus esforços coroados de êxito, com a conquista da presidência da república, mais por obra e graça de um marqueteiro esperto que conseguiu ludibriar gregos e troianos do que por méritos próprios, como logo após a posse pôde ser comprovado.
Examinando-se as ações petistas nesses trinta e um meses de atuação, percebe-se, claramente, que os elementos alçados aos cargos de maior responsabilidade – aí incluído um primeiro ministro em pleno regime presidencialista - nunca tiveram um efetivo projeto para administrar o país, mas, tão somente, um plano de Poder, com evidentes propósitos de nele se encastelarem pelo maior tempo que fosse possível.
Tendo como parceiros preferenciais Fidel Castro e Hugo Chávez, como ele participantes do Foro de S.Paulo, Lula deve ter sonhado, de olhos abertos, com a possibilidade de seguir seus exemplos. Chegou até a visitar um ditador africano para saber “como é que se fica 37 anos no poder”.Acontece que é grande a diferença de envergadura pessoal entre Lula e seus ídolos e, maior, ainda, a das condições geográficas, políticas e institucionais dos respectivos países.
Fidel Castro chegou ao poder derrotando pelas armas um caudilho corrupto que mantinha o povo cubano em situação de extrema miséria. Além de fazer uma faxina no ambiente político, atuou nas áreas de maior carência social, granjeando o apoio do povo, ao mesmo tempo em que impôs uma ditadura sangrenta, com o controle absoluto do poder conquistado, graças ao suporte econômico recebido, no início do governo, da então poderosa União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e facilitado pelas condições de ser o país uma ilha, de dimensões territoriais restritas. À sua moda, foi competente.
Hugo Chávez, tão logo se consolidou na chefia do governo, democraticamente eleito, passou a adotar medidas de cunho ditatorial favorecidas, em sua aceitação pelo povo, pelas condições de anarquia que prejudicavam a vida de todos. Oficial superior do Exército, tem formação cultural e profissional que o capacitam para o exercício de uma liderança efetiva. Sabe o que é estratégia, como estabelecer as linhas básicas de seu planejamento e os objetivos a atingir. Conhecendo tática, identifica as ações a realizar para chegar aos objetivos fixados. E comanda, pessoalmente, o processo.
E com Lula, o que aconteceu? Despreparado para governar um país com as complexidades do Brasil, pouco afeito à leitura e ao trabalho, deslumbrado com o poder e com todas as benesses que o mesmo proporciona, montou um esquema que o livrasse dos incômodos administrativos, apoiado em duas pilastras básicas: José Dirceu para tratar, efetivamente, dos assuntos de governo e Palocci para tomar conta da chave do cofre, com a recomendação expressa de cumprir os compromissos com o mundo financeiro assumidos na campanha eleitoral. Feito isso, estabeleceu (ou alguém o fez para ele) algumas metas, mais de palanque do que reais, como o tal do FOME ZERO, no Brasil e no Mundo – quanta pretensão! – a ambicionada liderança na América do Sul, bombardeada pelo argentino Kirchner, as viagens a países subdesenvolvidos com perdão ilegal de dívidas, para tentar impor uma hipotética posição de coordenador do que só ele sabe, e a grande fixação, pela qual estamos pagando caro, de conquistar um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, uma ilusão apoiada pelos barbudinhos do Itamaraty, submissos à orientação do Sr. Marco Aurélio Garcia, assessor presidencial e ministro de fato para assuntos internacionais, contrariando toda a tradição da nossa diplomacia, numa empreitada que se torna impossível com a tremenda dívida externa que nos sufoca e com as Forças Armadas sucatadas, fronteiras escancaradas ao contrabando, águas territoriais indefesas e espaço aéreo aberto a quaisquer incursões pela indisponibilidade dos equipamentos.
É bem provável que, na limitação dos seus conhecimentos, Lula tenha pensado que governar o Brasil seria parecido com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos e que, agora, teria os mesmos êxitos que alcançou quando liderar greve era fácil, em função do crescimento do país a 8 ou 9% ao ano, com maior número de vagas do que de trabalhadores para preenchê-las. Certamente, hoje, com o desemprego forçando o trabalhador até a abdicar de direitos para assegurar o emprego, não conseguiria os sucessos nas portas das fábricas que obteve no passado.
Na medida em que a tarefa atribuída a Palocci vem sendo conduzida a contento para o mundo financeiro, embora ao custo das demandas não atendidas para os cidadãos comuns em todas as áreas sociais, a parte da missão da qual foi incumbido José Dirceu transformou-se num enorme e irreversível desastre para o governo, atolado até o pescoço na corrupção generalizada, e para o PT, cujas figuras exponenciais apareceram para a Nação com suas verdadeiras caras, envolvidas em trapaças, mentindo em depoimentos, agindo nos bastidores para abafar os escândalos em que se meteram e, apesar de todo o esforço feito em contrário, levando de roldão, na maré de lama que sobe a rampa do palácio presidencial, a figura-símbolo do falecido Partido dos Trabalhadores e seu ídolo maior, o operário-presidente LULA.
Com o pensamento revolucionário aético e amoral de guerrilheiro, para quem os fins justificam os meios, Dirceu, tão logo assumiu as rédeas do governo, decidiu por em prática o plano de perpetuação do partido no poder e, logicamente, da corriola que o controla no domínio completo das posições de mando. E como a única forma de fazê-lo seria corrompendo aqueles necessários à boa execução do plano, segundo a imprensa, pôs mãos à obra e o resultado é o que estamos vendo: um Congresso com mais parlamentares trabalhando em comissões de inquérito do que legislando para o país e ele, Dirceu, até pouco tempo o homem mais poderoso do governo, defenestrado pela ambição desmedida, pela incompetência para levar a termo seu projeto e pela prepotência que não lhe permitiu enxergar que o Brasil é muito maior e muito mais importante do que o PT.
Lamentavelmente, para os que mantinham tanta esperança, ela foi vencida pelo medo.
O PT e LULA, dois símbolos, fundiram-se no mesmo fracasso.
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