20060925
O ambiente brasileiro é de total descrença, em todos os setores. O presidente Lula, ao mesmo tempo em que caminha impávido para a reeeleição, provoca as maiores desconfianças. Por causa disso, não será nenhuma surpresa se generais de 4 Estrelas (Exército), pertencentes ao Alto Comando, pedirem para passar para a reserva até o final deste 2006. Por que isso?
É um ambiente de total desconfiança em relação ao presidente da República. Antigamente, antes da criação do absurdo e desnecessário Ministério da Defesa, todos os 4 Estrelas queriam ser ministros. Nada mais natural. Primeiro, vinha o Ministério da Guerra, continuou como Ministério do Exército.
Agora, com a mudança do governo e a nada duvidosa reeeleição do presidente Lula, já se sabe que o comandante da Força (que corresponde ao antigo cargo de ministro) será substituído. Isso acontecia sempre, mesmo antes da criação do Ministério da Defesa. (Que nem é preciso lembrar, foi criado no irresponsável governo do "carteiro" FHC).
É normal a substituição (fosse do antigo ministro do Exército ou do atual comandante da Força) quando muda um presidente da República. (Mesmo que ele se mantenha, depois da vergonhosa e inconstitucional reeeleição comprada e paga por FHC e adotada prazerosamente pelo sucessor Luiz Inacio Lula da Silva. Que vai tentar o terceiro mandato, como venho alertando há meses. Mas hoje não é disso que desejo tratar).
O comandante da Força, Francisco Albuquerque, está há muito tempo e já demonstrou vontade de deixar o cargo. Na reserva, respeitado, correto, reverenciado, sabe que a substituição é a ordem natural das coisas. O general que ocupará o seu importante cargo terá que ser obrigatoriamente do Alto Comando, naturalmente general de 4 Estrelas.
Daí a minha referência à insatisfação desses dois generais, que passariam voluntariamente para a reserva. Seriam naturalmente nomes considerados pelos colegas para escolha e indicação do presidente da República. Mas temem que indicados não sejam referendados pelo presidente Lula, que sempre segue outros critérios nessa indicação, escolha e nomeação.
Esse é o temor, a incerteza e até o constrangimento dos generais do Alto Comando. Embora apenas dois tenham (não abertamente) manifestado a vontade de irem para casa, todos sentem a mesma insegurança. Indicados e não nomeados, sofreriam naturalmente desgaste, se retirariam. Por isso, prefeririam sair antes, em paz com a consciência, do que sair depois, com a inconsciência dos que estão no Poder.
E o ministro da Defesa? Desapareceu completamente. Tendo feito brilhante carreira desde que chegou ao Rio então capital mocíssimo, eleito deputado federal em 3 de outubro de 1958, se ofuscou deliberadamente. Ninguém ouve falar em Waldir Pires, é um ministro da Defesa que não se encontra nem conversa com generais, brigadeiros e almirantes. Por quê?
PS - O ambiente não é de satisfação nas Forças Armadas. E se não era de satisfação, agora é de constrangimento e de incerteza.
PS 2 - Ninguém acredita que Lula vá acabar com o estranho Ministério da Defesa. Mas podia pelo menos perguntar ao seu ministro da Defesa: "Como estão as Forças Armadas?". Gostaria de ouvir a resposta.
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