Eleição também é protesto,
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O POVO SE DIVERTE | ||
por Glauco Fonseca | ||
Eleição também é protesto, também é cultura e diversão. Vários novos eleitos e não-eleitos são produto da picardia e da capacidade de mandar recados humorados e sempre bem estruturados por parte do ilustre e sábio eleitor brasileiro. O retorno de Maluf, de Collor, dos irmãos Genoino, dos mensaleiros João Paulo, Mentor, do “capo” Berzoini e de outros similares, convenhamos, é piada de extremo mau gosto. Mas ainda é piada. A eleição de Clodovil, por exemplo, foi uma demonstração clara de que o povo costuma falar sério ao votar nas majoritárias mas, quando possível, aproveita para um relax quando o negócio é votar no legislativo. Os mais de 500 mil votos de Clodovil são uma demonstração de maturidade do eleitorado de São Paulo, a exemplo da sociedade carioca quando teve seu cacareco. O eleitorado carioca, por sinal, é o mais jocoso, debochado e evoluído do país. No Rio Grande do Sul, a estrela é uma comunista de grife, cujos gastos de campanha certamente corariam a face de um liberal dos mais neos. Adesivos enormes de Manuela D’Ávila em traseiras de Pajeros, de Cherokees, dão uma idéia da idiotia que, vez em quando, acomete graciosamente a mentalidade brasileira (no caso, a gaúcha). Pela lógica comunista, os donos desses burgueses mas charmosos e dispendiosos automóveis, tão logo se instalasse um governo comunista a lá PC do B, seriam chamados a “compartilhar” seus “meios de transporte” com o povo. Na Bahia, votaram em Jacques Wagner. Nem bem se passaram 24 horas e já surgiu a primeira “denúncia” contra o petista recém eleito. Em se tratando de PT, nada de surpreendente. Mas em 24 horas! Pelo amor a Deus e respeito aos baianos! Novamente, em cena a famosa GDK, empresa generosa e eternamente grata que forneceu um Land Rover ao secretário-geral do PT, Silvio Pereira (postumamente conhecido como Silvinho Land Rover Pereira ou, mais recentemente, Silvinho Land Rover). Pois a GDK foi grande doadora de campanha de Wagner e emprega sua filhota querida. Nada demais, né povo? Diante de tudo isso, a única explicação para que o “professor” Luizinho não tenha se reelegido é que pediu pouco. Afinal, perder a boquinha porque recebeu 20 mil do valerioduto até mesmo o mais simples popular acredita ser de uma burrice digna de cassação. Povo mesmo gosta de votar em quem rouba muito, bastante. Receber vinte mil paus é, diante do escândalo do mensalão, humilhante como salário de professor neste país. É hora dos professores do Brasil pedirem ao Luizinho que pare de usar o “professor”, não é mesmo (assim como o publicitário Marcos Valério passou a “empresário” Marcos Valério). Por pouco, mas muito pouco, candidatos sérios deixaram de ser eleitos. O erro que cometeram? Eram sérios, oras. Sérios demais para um país sério de menos. Estamos acostumados com malas de dinheiro sem dono, dólares na cueca, prefeitos petistas dissidentes assassinados, presidente que nada viu e que nada sabe e queremos alguém melhor do que Clodovis, Malufs, Manuelas e Genoinos? Me poupe... Mas viva o Brasil. A manifestação da democracia (coisa que comunista não gosta muito) é sempre uma golfada refrescante de liberdade que nos acaricia os cabelos e nos perfuma a alma. Viva a democracia, abaixo o mau-humor e viva o Brasil, um país onde não se perdem nem as piadas tampouco os amigos. Publicado em 05/10/2006 |
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