O fato de a entidade ilegal ter se associado a outra perfeitamente registrada, dentro da lei - como é a CUT -, deveria propiciar, por parte do Ministério Público, uma possibilidade maior de cobrança judicial, em razão do desrespeito à lei. |
Editorial, Estadão (*)
Foi aproveitando os ânimos relaxados do domingo de carnaval, pegando de surpresa tanto os fazendeiros quanto a polícia - embora a falta de surpresa talvez não alterasse grande coisa, dada a inédita dimensão do esbulho sincronizado -, que o Movimento dos Sem-Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) puseram em prática, pela primeira vez, a grande joint venture que haviam pactuado, objetivando a soma complementar de esforços para aniquilar, de vez, o respeito à propriedade e à produção no meio rural. No domingo, cerca de 2 mil pessoas - as 1.050 de 23 acampamentos e os 800 trabalhadores arregimentados pelos sindicatos rurais monitorados pela CUT e o PT - invadiram e ocuparam 12 fazendas, perfazendo um total de 15,6 mil hectares, em 9 municípios das regiões do Pontal do Paranapanema e da Alta Paulista, no oeste do Estado de São Paulo. Na segunda-feira, com cerca de 100 integrantes as duas entidades promoveram a invasão de uma 13ª fazenda, na Alta Paulista, quando então o líder emessetista José Rainha Júnior - condenado pela Justiça e em liberdade provisória, mas comandando a grande operação pelo celular - anunciou que, agora, 'quer negociação' com o governo. Na terça-feira, MST-CUT decidiram manter a jornada de invasões, ampliando a ofensiva na região noroeste, onde pretendem invadir mais 8 fazendas, nos próximos dias. 'Deu a impressão de que eles eram os donos e eu estava invadindo.' Esse desabafo de Diogo Perez Geronymo, proprietário da Fazenda São Diogo, em Dracena, que fora ameaçado com um facão pelos sem-terra quando se dirigiu ao local invadido, dá bem a dimensão do tipo de ordem imposta ao meio rural brasileiro: direito algum é respeitado - à propriedade, à produção, à livre locomoção, à incolumidade física e, por via de conseqüência, à própria vida - quando se une uma entidade ilegal, sem personalidade jurídica (como o MST), com outra perfeitamente legalizada, e que, supostamente, se destina a congregar os sindicatos laborais, para operações desenvolvidas em inteiro desrespeito às leis vigentes no País. |
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