IDEOLOGIAS ANTIMILITARESEDUARDO ITALO PESCEIBERÊ MARIANO DA SILVAA visão dos militaristas utópicos que, até recentemente, dominavam o Pentágono não era realista, e sim idealista. Por glorificar a guerra, o militarismo utópico pode ser considerado uma ideologia antimilitar – isto é, contrária à ética militar.
Segundo Samuel P. Huntington, a ética profissional militar é realista e conservadora. O liberalismo, o marxismo e o nazifascismo, por diferentes razões, são ideologias antimilitares. A ideologia pró-militar por excelência é denominada realismo conservador.
O liberalismo declara-se pacifista, embora admita a guerra para defender uma “causa nobre”. Osliberais consideram a existência de Forças Armadas numerosas e permanentes uma ameaça à paz e à democracia. A agenda militar liberal caracteriza-se pelas políticas de extirpação (visando à redução drástica dos orçamentos e efetivos militares) e de transmutação (procurando desviar as Forças Armadas para funções de natureza não-militar).
O marxismo dá prioridade à “luta de classes” e considera os conflitos interestatais inerentes ao
“imperialismo capitalista”. O nazifascismo, como outras formas de idealismo romântico, glorifica a guerra e as virtudes guerreiras. Nenhuma destas ideologias valoriza o profissionalismo militar.
Não há atualmente, no Brasil, grupos nazi-fascistas organizados. Já o liberalismo (em sua formaatual, denominada “neoliberalismo”) e o marxismo (em suas vertentes social-democrata ou trabalhista) vêm, há algum tempo, monopolizando o debate político em nosso país – deixando pouco espaço para os que defendem uma visão capitalista de cunho desenvolvimentista.
Uma visão desse tipo – inspirada nas idéias políticas de Edmund Burke e econômicas de Alexander Hamilton e Friedrich List – pode ser considerada realista e conservadora. O realismo conservador – cujos maiores expoentes, em nosso país, foram José Bonifácio de Andrada e Silva e o Barão do Rio Branco – é uma ideologia pouco difundida, na sociedade brasileira.
As ideologias antimilitares têm predominado, ao longo da história política brasileira. Esta é a principal razão pela qual a defesa nacional, em nosso país, jamais tenha recebido a atenção devida dos governantes – nem mesmo em períodos de conflito externo.
No Século XXI, os conflitos pela posse de recursos naturais escassos, localizados em paises periféricos, poderão tornar-se comuns. É por isso que os principais países ocidentais – fortementedependentes de petróleo e outras matérias primas estratégicas – vêm investindo na ampliação dacapacidade expedicionária de suas Forças Armadas.
A última guerra em território brasileiro foi a do Paraguai. Entretanto, se persistir a atual situação de fraqueza do país, as riquezas existentes em seu território tornar-se-ão um alvoconvidativo para intervenções militares estrangeiras. Aí será tarde para fortalecer nossa capacidade de defesa – e todos os patriotas que esboçarem resistência serão considerados “terroristas”.
A elite política brasileira nunca viu os militares como servidores do Estado, e sim como adversários na disputa pelo poder no campo interno. Por isso, investimentos na área de defesa foram sempre considerados “desperdício de recursos” – ou até mesmo “munição para o inimigo”. No campo externo, a opção para evitar problemas foi a submissão do país à potência hegemônica do momento.
As políticas de Estado mínimo adotadas durante a “década neoliberal” resultaram no sucateamento de componentes vitais do aparelho estatal – inclusive as Forças Armadas. A persistência de uma visão econômica ultra-ortodoxa e de um estéril debate político-ideológico entre liberais e marxistas tem condenado o Brasil à semi-estagnação econômica.
Para que o sucateamento da máquina administrativa do Estado brasileiro – que inclui a defesanacional – possa ser revertido, é essencial que o país volte a crescer a taxas anuais substanciais. Oxalá haja tempo para isso – antes que sobrevenha uma crise externa capaz de colocar em risco a sobrevivência do Brasil, como nação una e soberana.
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