O ESTRELADO E O LUNÁTICO
O ESTRELADO E O LUNÁTICO
Percival Puggina
Recebi, como diz a gurizada, 'trocentos' e-mails sobre a palestra que o autor dessa frase acaba de proferir na Escola Superior de Guerra. No consenso de tais mensagens, deu a louca no mundo. E faz tempo, digo eu. Agora coube à ESG surtar. A respeitável instituição, que se dedica a 'altos estudos de política, estratégia e defesa', foi constituída para servir às três Armas e aceita a inclusão de civis interessados em estudar e contribuir para os fins acadêmicos da escola. Quem quiser freqüentar algum de seus eventos deverá, na forma regimental, entre outras condições, 'ter vida pregressa ilibada'. A partir de agora, porém, quem não tiver tal condição poderá participar dos cursos do general José Benedito Barros Moreira como palestrante convidado por ele, mas não como aluno.
Ao término da conferência, o estrelado e prudentíssimo diretor da escola afirmou concordar com quanto dissera o lunático e desatinado líder do MST, embora divergisse das ações do movimento. Algo assim como aceitar as alegações da Suzane von Richthofen, mas fazer vagas ressalvas à sua conduta.
Quando um general de quatro estrelas, diretor de uma instituição com a estatura da ESG, se extravia a esse ponto de toda noção de limite e eleva notório baderneiro à condição de conferencista convidado, como esperar que a sociedade assuma a ordem pública como um valor a ser respeitado? Em qual dicionário ou idioma terá descoberto sua excelência que abertura e arrombamento são sinônimos? Marighella morreu sem ver essa, o coitado. Se o princípio do contraditório, invocado pelo general para justificar o que fez, tivesse fundamento, então a OAB e a Academia Brasileira de Letras deveriam enriquecer seus púlpitos com dissertações de Marcola e Lula, respectivamente sobre 'O outro lado da lei' e 'Pequena investigação sobre o assassinato da gramática'.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home