Ligações dos tabajaras levam ao PT de São Paulo e ao comitê de Lula
O blogue conversou com uma autoridade que segue de perto as investigações sobre a operação tabajara. A informação é que a Polícia Federal já terminou os cruzamentos relevantes das ligações de Hamilton Lacerda, Lorenzetti e amigos, que iriam pagar R$ 1,7 milhão pelo dossiê da máfia Vedoim. Os telefonemas, quase todos ligações de celulares, apontam para dois endereços: o PT de São Paulo e o Comitê de Lula. No PT paulista ficava a coordenação da campanha de Aloizio Mercandante, cujo chefe era Paulo Frateschi. No Comitê de Lula, despachava Ricardo Berzoini, que foi degolado na 6a. feira. As ligações cobrem os dias anteriores e posteriores à prisão de dois tabajaras num hotel de São Paulo.
Estes cruzamenotos ajudam o governo a sustentar a visão de que a operação passou longe do Planalto, embora tenha tido participação de diversos amigos de churrascaria do presidente. Na versão apresentada até aqui pelo governo e pela campanha de Lula, Berzoini participou da ação tabajara mas o Presidente da República não se envolveu nem tinha conhecimento.
A divulgação das fotos do dinheiro aprendido, à revelia da cúpula da PF e da vontade do governo, mostra como é arriscado tentar dirigir politicamente a investigação.
...o que ele sabe sobre o dinheiro que pagou a operação tabajara. Durante o debate da TV Bandeirantes, eu diria assim: "Presidente Lula. O senhor conhece a maioria das pessoas que participaram dessa operação de compra do dossiê. Muitas frequentam seu gabinete e até sua casa. Elas foram expulsas do PT. Eu acho que o senhor, como presidente da República, tem a obrigação de saber todos os detalhes deste crime. O senhor disse que não sabia de nada antes de tudo acontecer. Mas tenho certeza de que pelo menos depois foi se informar de tudo. Estou certo de que, como todos os brasileiros, o senhor queria saber quem pagou essa operação e quem estava no comando de tudo, quem era o chefe. Então eu lhe peço, presidente: conte ao eleitor brasileiro quem fez isso. O povo brasileiro merece. O senhor foi eleito para dizer a verdade."
Com uma vantagem de 54% a 46% na pesquisa do DataFolha, Lula só tem a perder no debate na Bandeirantes. Ele arrisca uma vantagem considerável, que tem sido confirmada, ainda que em ordens de grandeza diferentes, por outros levantamentos internos, conhecidos das duas campanhas. A acreditar-se na pesquisa, Lula conseguiu parar a queda nas intenções de voto ocorrida na reta final no primeiro turno. Em 1 de outubro o presidente teve um desempenho fortíssimo, capturou mais votos do que em 2002 e ficou a 1,38% de uma vitória. Seu interesse real é que a eleição fosse ontem.
Lula chega ao segundo turno em boa posição mas também com o maior telhado de vidro. Pode buscar comparações favoráveis com os oito anos de FHC mas as denúncias contra o governo foram reavivadas na memória do eleitorado depois da operação tabajara. Geraldo Alckmin vai para o debate na posição de quem não tem nada a perder. Precisa ir para cima de Lula e convencer uma parte de seus eleitores a mudar de lado. Se Lula for o melhor, a eleição pode terminar esta noite. Caso contrário, Alckmin pode iniciar uma escalada capaz de mudar o jogo até 29 de outubro.
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