BRASIL DESGOVERNADO

BRASIL DESGOVERNADO

VAlte(Ref) Sergio Tasso Vásquez de Aquino

Povo é a parcela da população de um país que participa do embate político, votando ou sendo votada e, por isso, influenciando os rumos a serem seguidos no futuro por toda a comunidade nacional. O povo brasileiro acaba de manifestar-se, no segundo turno das eleições presidenciais e de dez estados, cujos resultados estavam pendentes.

Para presidente, pela segunda e consecutiva vez, o povo brasileiro, em esmagadora maioria, escolheu Lula da Silva: 60% do eleitorado, 58 milhões de pessoas... È dado impressionante e assustador, que precisa ser devidamente analisado e avaliado, pois que o fator ético e moral, que tem sido historicamente a fonte e a base da fortaleza de cada nação e da sua capacidade de construir, manter-se unida, defender sua integridade e sua soberania, fazer-se respeitada no cenário internacional, lançar bases certas e seguras para o futuro, vencer as adversidades e os desafios com segurança e confiança, foi absolutamente desconsiderado ou pesou ao revés no ânimo dessa impressionante legião de eleitores, que se tornaram responsáveis pelos destinos do Brasil. Alto e bom som, declararam aos quatro ventos, com toda a convicção: não importam a ética e a moral!

A sucessão de escândalos, revelados desde maio do ano passado, envolvendo roubalheiras de toda a natureza, possíveis assassinatos de antigos correligionários, tipo “ queima de arquivos” , desvios habituais e continuados de recursos públicos, propinas em compras oficiais, mau uso de “ cartões corporativos”, para pagamento de despesas pessoais faraônicas e não exclusivamente daquelas de natureza institucional, favorecimento indevido de parentes e afins em transações financeiro-empresariais celebradas com vistas a retirar vantagens do Estado, sujeitos a sucessivas CPIs e investigações policiais, ainda em curso, e indiciamento taxativo pelo Procurador- Geral da República no caso da quadrilha dos “ 40” , e atingindo membros graúdos e do segundo time do PT, ministros do governo, comensais e auxiliares diretos do presidente e até mesmo parentes próximos deste, nada disso mudou a intenção de voto da acachapante maioria dos brasileiros, que sufragaram gostosamente aquele que aclamaram, apesar de tudo, como modelo, exemplo e guia!

Outras manifestações importantes do mesmo perplexante fenômeno podem ser encontradas nas eleições consagradoras de Paulo Maluf, o mais votado deputado em São Paulo, e de Jader Barbalho, campeão retumbante de votos no Pará, além de na unção eleitoral, totalmente fora dos parâmetros esperados pelos bons costumes, de José Genoíno e seu irmão dos “ dólares na cueca”, de Palocci, João Paulo Cunha, José Mentor e outros numerosíssimos representantes das mesmas espécie e escala de atuação.

Uma análise isenta dos primeiros quatro anos da gestão Lula, ora chegando ao fim, permite concluir, sem qualquer partidarismo ou paixão sectária, que não foi um bom governo. Abstraindo até dos graves problemas éticos e morais, tornados públicos pelas investigações já encerradas ou em curso, pode-se dizer que não foram bons os resultados alcançados em termos de crescimento-desenvolvimento – longe disso, pois o Brasil, a despeito do seu incrível potencial, é um dos países que menos crescem no mundo, só ganhando do Haiti na América! – e nos aspectos específicos de emprego, segurança, saúde e saneamento, educação, habitação, infra-estrutura de transportes, comunicações e energia, avanço científico e tecnológico. Dramática e objetiva demonstração desse estado de coisas foi dada pelo último debate entre os presidenciáveis, patrocinado pela Rede Globo, quando eleitores até então indecisos, e selecionados de forma independente pelos órgãos de pesquisas, vocalizaram as críticas nacionais sobre a falta de equacionamento e solução para os graves problemas que repercutem sobre todos nós.

Fatores adicionais de retrocesso podem ser encontrados nos erros inéditos da política externa, já que a diplomacia era setor de excelência no serviço público e credora de grande respeito internacional até 1990, que redundaram na humilhação ao orgulho nacional e na subtração ao patrimônio nacional perpetradas por Evo Morales, sem resposta adequada do governo brasileiro; no favorecimento sem contrapartida à República Popular da China e aos produtos chineses, provocadores de prejuízo catastrófico para o nível de emprego no Brasil e para as indústrias têxtil, calçadista e de brinquedos nacionais; no atrelamento ao eixo extremista, inspirado e apoiado pelo “Foro de São Paulo” , liderado e comandado por Fidel Castro e Hugo Chavez, que provocou o esvaziamento e o sepultamento do sonho de liderança , que seria natural para o Brasil no contexto ibero-americano, tão alimentado e acalentado por Lula como premissa para a realização da sua idéia de alçamento de vôo mais alto, como “ líder mundial”.... Vale observar, “ en passant”, a visível traição de Chavez e Morales ao pretensamente festejado parceiro nos episódios envolvendo gás boliviano e Petrobrás. Outros erros clamorosos foram cometidos no setor agrário, hoje vivendo o drama de diminuição de rendimento e produção, ingressos e confiança por distorções das políticas de câmbio, de financiamento e de reforma agrária. Neste item, devem ser citadas as graves repercussões, na ordem social e no Estado de Direito, do incentivo e do respaldo oficiais às agressões e invasões perpetradas pelos sem-terra, por todo o Brasil.

Gravíssima ação deletéria adicional foi sistematicamente realizada por Lula, ao promover e difundir a luta de classes, o ódio entre grupos nacionais: pobres versus ricos, negros versus brancos, nordestinos e nortistas versus sulistas e paulistas, em seus discursos e intensa pregação eleitoreira. A unidade nacional, de que tanto nos orgulhamos, que nos faz únicos e tanto nos engrandece e fortalece, foi por ele severamente golpeada e desrespeitada!

O governo Lula manteve-se inativo, ineficiente e confuso nos três primeiros anos, para somente dar início a atividade intensamente baseada em ações demagógicas e populistas, visando bons resultados nas eleições, a partir do final do ano passado. Foi bem sucedido na empreitada, como atesta o esplendoroso resultado colhido. A maioria dos brasileiros provou que confunde realidade com ficção, vive a vida social, política e econômica como se assistindo a uma novela, da mesma forma que acompanha e vive as novelas de tv de baixa qualidade moral, escola de deseducação e envilecimento em massa, que tantos e definitivos males vêm fazendo à vida espiritual e anímica da Nação, como se vida real fosse. Aceita e confunde o real pelo virtual, e vice-versa. Por isso, acredita nas mentiras e nas promessas vãs, como demonstrado, com tanta ênfase, nas últimas eleições, festival de mentiras que empolgou o país, para nossa tristeza e alegria póstuma de Joseph Goebbels, o mago da propaganda de Hitler... Escolhe seus políticos como escolhe seu time de futebol: não questiona erros, acertos, eficiência, correção de atitudes, coerência, preparo... apenas torce e deposita seu voto, sem pensar, instintivamente, até morrer, sem prever e defender-se de possíveis sofrimentos!

Geraldo Alckmin desempenhou seu papel com dignidade. Era e é a melhor opção para o Brasil e o seu futuro. Merece todo o nosso respeito e o nosso agradecimento mais profundo, de nós, a minoria, os 40%, os 38 milhões que o escolhemos por querer um País livre, pujante e soberano, feliz, senhor dos seus destinos, em paz, justiça e liberdade, temente a Deus e caridoso para com todos e cada um dos seus filhos. De nós, que jamais aceitaremos a comunização, sob qualquer forma e pretexto, da bendita Terra da Santa Cruz! Para isso, Deus Todo-Poderoso nos ungiu como defensores da Pátria, unidos, mobilizados e prontos a combater o bom combate, para sempre! SOMOS ORGULHOSOS BRASILEIROS, DE VERDADE, DEVOÇÃO E PAIXÃO!

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2006.