O segundo mandato
O segundo mandato
por José Nivaldo Cordeiro em 01 de novembro de 2006
Resumo: Quem estará com a razão sobre como será o segundo mandato de Lula? Os louvadores do partido governista ou os pessimistas?
© 2006 MidiaSemMascara.org
Os fatos políticos têm duas dimensões. De um lado, são o que são e o fato é que Lula está reeleito. Do outro, há as opiniões sobre esses fatos. Quero aqui me reportar a essas últimas, pois não se trata meramente de fazer futurologia, mas de “saber” corretamente o que está a nos esperar nas dobras do tempo, ter um bom prognóstico inclusive para tomar as decisões da vida prática.
Percebo dois conjuntos de opiniões sobre o segundo governo Lula. O primeiro é a opinião dos seus louvadores, esparramados pela mídia, na universidade, na sociedade civil em geral. E também em meio a seu vasto eleitorado, pois que até em São Paulo Lula conseguiu sobrepor-se ao adversário. A opinião predominante é que Lula é um governante como um outro qualquer, bem intencionado, fazendo tudo pelo “social” e, assim, supostamente fazendo mais do que seus antecessores pela população desvalida. Para essa gente os indicadores econômicos estão uma maravilha, a prática populista é algo sadio, elevar impostos um fato normal, distribuir renda sem contrapartida de trabalho uma genialidade política, como se essa não fosse a mais antiga das práticas políticas utilizadas para a perpetuação de grupos no poder. Os admiradores de Lula também acham que a política externa, hostil ao EUA e alinhada com Chávez, é a que melhor atende aos interesses nacionais, assim como submeter-se aos caprichos de Evo Morales.
O outro bloco é pessimista e divide-se em dois sub-blocos. O primeiro vê com muita preocupação os efeitos do populismo eleitoral, achando que essa situação não se sustenta, que a inflação voltará, que a crise cambial é uma questão de tempo e que o inchaço do Estado, e sobretudo da Previdência Social, deverá gerar colocar em xeque o desenvolvimento econômico e a própria governabilidade. A política externa é puro desastre e precisa ser refeita. O segundo grupo acha ainda mais, que Lula e seus asseclas estão mal intencionados, são revolucionários que aguardavam esse momento para pôr em marcha seus projetos socialistas, correndo o risco de levar o País a uma guerra civil.
Quem estará com a razão? Se os primeiros estiverem com a razão ficaremos próximos a uma sociedade política ideal, com o Estado assumindo funções sociais em substituição à família e aos indivíduos, supostamente dispondo de recursos para mitigar ou eliminar a lei da escassez. Espero que tenham razão, mas infelizmente não posso acreditar nessa fantasia que contraria a razão e a ciência econômica.
Se o grupo dos pessimistas estiver certo viveremos quatro anos de retrocesso, de confusões, de desilusões, de tumultos, tudo isso colocando as instituições democráticas em perigo. As demandas ativadas pelas promessas de campanha serão cobradas e movimentos de rua serão inevitáveis. Se o grupo mais crítico estiver certo, então, será o caos e possivelmente viveremos conflitos irreconciliáveis que poderão descambar para a violência aberta. Torço para que estejam errados, mas a razão me impele a pensar como eles.
Quem viver verá.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home