A Alegria do Palhaço do Planalto
Por Jorge Serrão
Lula deu dois presentes de grego ao “amigo” José Dirceu de Oliveira e Silva, que ontem completou 61 verões. O primeiro foi a indicação de Tarso Genro, inimigo figadal do Zé, para o Ministério da Justiça. O segundo foi não entregar a Infraero aos aliados de Dirceu. O radical Tarso substitui o mais ardoroso fã da pequena notável Carmem Miranda. Que a exoneração de Thomaz Bastos tenha sido leve para a caneta que assina o Diário Oficial. O presidente fez questão de salientar que Bastos continuará sendo o seu advogado particular e que “quando deixar a Presidência vai precisar ainda mais da ajuda de um advogado”.
Além de ter ares proféticos, Lula nos brindou com suas tradicionais pérolas de comentários. "Se vocês pensam que é moleza ser ministro, vão ver que muitas vezes é difícil. Coisas que não apareciam na imprensa começam a aparecer e o salário é muito baixo". No genial entendimento de Lula, em razão da diferença entre os salários pagos pelo Estado e pela iniciativa privada, alguns ministros "pagam" para trabalhar no governo. "Quando fico vendo ministros que ganhavam muito bem vindo ganhar R$ 7 mil ou R$ 8 mil eu falo: são heróis. Alguns pagam para ser ministros. Essa é a pura verdade". Mas o comentário final foi ainda mais fantástico: "Sou o único que não posso reclamar do meu salário (R$ 8 mil), pois não tem nenhum torneiro mecânico ganhando isso".
Mas a mão de Dirceu vai pesar contra os homens mais próximos de Lula por um segundo motivo. Lula aceitou a indicação de Dirceu para nomear marta Suplicy para o Ministério do Turismo. Só que não fez tudo que o Poderoso Zé queria. Não dará a Marta poderes para mexer na Infraero. O presidente Lula alegou que não pode tirar a Infraero do Ministério da Defesa neste momento, pois ela está sendo alvo de uma investigação. Pelo mesmo motivo, não poderá ser criada agora a Secretaria de Portos e Aeroportos. Assim, não saiu do chão o plano de Dirceu para pilotar o setor aéreo, como eminência parda.
Por isso, surge uma dor de cabeça pior que a de uma bruta ressaca para Lula. Contrariado, Dirceu arranja briga com a própria sombra. Nada custa lembrar que foi a intempestividade dele que gerou a guerra quase sem fim com Roberto Jefferson. O conflito fez vir à tona, do mar de lama governamental, o quase tsunami do Mensalão. Sorte de Lula que a impunidade generalizada transformou a onda gigante em marola. Do contrário, seu primeiro mandato não teria chegado ao fim. Fernando Collor caiu por muito menos. Mas, naquela época, o PT era o partido que tinha a vã pretensão de ter o monopólio da ética e da virtude. Bastou chegar ao poder para comprovar que o partido era “mais ruim” que os piores partidos que pensávamos existir no Brasil.
Lula já sabe que seu maior inimigo, hoje, é o fogo amigo que vem de dentro do PT. O problema, agora, atinge as raias da dialética luliana. Resta saber se a alegria do Palhaço do Planalto é ver o circo pegar fogo. Ou se a alegria do Circo é ver o palhaço sair queimado do poder que imagina ter. Enquanto não se chega a uma conclusão sobre tal dilema, a sorte do governo é que o povo brasileiro se diverte com o pão e o circo dados pela classe política que faz o jogo de quem estiver no picadeiro do poder palaciano.
Uma coisa é certa. Um incêndio dentro do circo é o maior risco para a sobrevivência dos palhaços no poder.
Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. http://alertatotal.blogspot.com/ e http://podcast.br.inter.net/podcast/alertatotal
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