Cadáver politicamente insepulto
Por Jorge Serrão
Os negócios nebulosos do principal cadáver politicamente insepulto do Brasil voltam a cheirar mal na ante-sala do Palácio do Planalto. A cúpula petista está em pânico desde sexta-feira passada, quando o Ministério Público paulista entrou com uma ação civil pública contra o chefe de gabinete do presidente. Gilberto Carvalho é denunciado por suposto envolvimento em esquema de propinas na área de transporte coletivo durante a administração de Celso Daniel – prefeito petista da cidade assassinado em janeiro de 2002.
Além do caso Celso Daniel, que é um inferno constante para os petistas, a maior preocupação de Lula, no momento, é o seu risco de isolamento político, nos campos interno e externo. Aqui dentro, Lula sente a falta de apoio político para seu Programa de Aceleração do Crescimento. Ninguém acredita no PAC. Lá fora, entre seus aliados do Foro de São Paulo, Lula teme que “seu filme fique queimado” com um eventual puxão de orelhas de George W Bush sobre sua tímida reação aos gestos autoritários do presidente venezuelano Hugo Chávez. O presidente dos EUA e sua Secretária de Estado, Condoleezza Rice chegam ao Brasil nesta quarta-feira.
Além da bronca de Bush, o Planalto já detectou que o governo voltará a sofrer duros ataques da oposição, a partir desta semana. Um deles virá do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). O bondoso ACM promete botar a boca no trombone contra o Governo. Outra dor de cabeça é o pacto com os governadores. Lula sabe que os efeitos especiais do PAC ficam inviabilizados, sem o apoio dos governos. Na reunião marcada para esta terça-feira, em Brasília, com 24 governadores, o presidente terá problemas se colocar em pauta assuntos espinhosos, como a alteração na forma de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O cadáver politicamente insepulto
O Caso Celso Daniel, cuja verdadeira causa do assassinato é abafada até hoje, é escândalo que mais eletriza os petistas.
O Ministério Público quer o bloqueio dos bens de Gilberto Carvalho, do PT e de outras seis pessoas que teriam participado do suposto esquema de corrupção na área de transportes urbanos, em Santo André.
O bloqueio é uma forma de garantir o ressarcimento - calculado em R$ 5,3 milhões - e o pagamento de uma possível multa prevista em casos de improbidade administrativa.
O Ministério quer ainda a suspensão dos direitos políticos e o impedimento de participação em licitações públicas dos acusados.
A falcatrua
O MP denunciou que os empresários seriam obrigados a pagar R$ 500 mensais por ônibus para poder operar no município.
Os promotores acusam o PT de ser um dos beneficiários do esquema e, por isso, o partido foi incluído na ação.
Segundo o MP, Gilberto Carvalho, que era secretário de governo de Daniel na época, seria o encarregado de levar o dinheiro obtido no esquema até o partido.
Gilberto Carvalho e os dirigentes do PT negam as acusações e afirmam estar com suas "consciências tranqüilas".
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