Muito além do aceitável
O discurso de Lula sobre a sexualidade (ver abaixo) é bem mais grave do que parece. Foi além das suas sandálias. Uma coisa é um governo implementar políticas públicas, como a distribuição de camisinhas (ainda que eu discorde de seu sentido moral), outra, distinta, é interferir, como faz o presidente, na educação que as famílias ministram a seus filhos. A menos que tenhamos decidido que gente pobre está destituída do pátrio poder. Desconheço alguma democracia — a rigor, ditadura também — em que um governante tenha chegado tão longe. Quando falo de “sentido moral”, alguns tontinhos supõem que estou me escandalizando ou fazendo a defesa da abstinência sexual. Teria direito às duas coisas, cidadão privado que sou — não exerço cargo público, e o que digo não tem a força de um exemplo —, mas não é disso que trato. Refiro-me às escolhas individuais entre o certo e o errado, o conveniente e o inconveniente. Quem, hoje, faz sexo de risco (risco de gravidez ou de doenças) não passará a ser mais responsável por causa da camisinha. Há, aí, uma questão anterior. Uma coisa é tornar o preservativo acessível a quem queira; outra, distinta, é transformá-lo num valor e num redutor das escolhas — ou seja, numa moral imposta. Isso que digo tem alguma virtude, algum sentido prático? Acho que não. Escrevo porque acho que é uma forma de manter viva a sanidade e de emitir um sinal para alguns milhares de leitores: o Brasil ainda não está definitivamente tomado pela estupidez. Ainda há quem fale, nestepaiz, de escolhas individuais. Sei, sei bem. Nunca somos muito bons nisso. Em qualquer sociedade, o público — seja o espaço público, seja a educação, sejam os costumes e as tradições — é feito mais de interdições do que de laxismo. Busca-se uma norma que regule a vida, que possa manter vivo o contrato de convivência, cabendo a cada indivíduo estabelecer um equilíbrio entre a observância dessa norma e sua transgressão. A rigor, é também essa a estrutura do ambiente familiar. Por isso, com grande sabedoria, herdamos uma interdição: não se vê a nudez do pai — metáfora mais do que viva e ativa na formação do nosso caráter. Quando rompemos com ele, quando o matamos simbolicamente, preservamos, não obstante, a sua inviolabilidade. Um governante que faz o discurso de Lula aposta na diluição de valores bem mais profundos do que aqueles que podem ser regulados pelo Estado e investe na coletivização do caráter. Morre o indivíduo. Seu homem-massa não tem mais escolha: está obrigado à liberdade. À liberdade segundo a entende um ente de razão supra-individual chamado "partido". A “massa encefálica” de Lula é rústica, o que não quer dizer que não seja totalitária. A massa anencefálica de Lula Lula lançou um plano para conter a disseminação da Aids entre as mulheres. E pediu o fim da “hipocrisia no país”. Mandou ver: - "Vamos fazer o combate à hipocrisia no País. Preservativo tem que ser doado e ensinado como usar. Sexo tem que ser feito e ensinado como fazer, somente assim teremos um País livre da aids"; -"Não tem como carimbar na testa de um adolescente quando é momento de começar a fazer sexo. Sexo é uma coisa que quase todo mundo gosta, é uma necessidade orgânica do ser humano, portanto o que nós precisamos fazer é ensinar"; -"É preciso melhorar a massa encefálica dentro do cérebro para as pessoas compreenderem que as mulheres devem ser respeitadas". As considerações de Lula sobre moral sexual e escolhas individuais não devem nada a seu conhecimento sobre anatomia. “Massa encefálica dentro do cérebro” é o mesmo que dizer “massa cerebral dentro do cérebro”. Lula é uma ignorância redundante. As escolas do país de Lula não conseguem ensinar português e matemática. Mas ele tem a ambição de que o governo ensine as pessoas a fazer sexo, “uma necessidade fisiológica do ser humano”. A que ponto chegamos... Fazer um discurso ligeiro como esse num país em que a gravidez na adolescência é um grave problema é coisa de gente irresponsável. As meninas não engravidam porque seus parceiros, ou elas próprias, não usam camisinha. Engravidam porque estão fazendo a escolha errada. E continuarão a engravidar enquanto estiverem escolhendo mal. Porque também será uma má escolha não usar a camisinha ainda que possam usá-la. Talvez seja inútil insistir nessa tecla. Mas insistirei. O papa está vindo aí. Espero que Lula II convença Bento XVI... (*)Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo |
Por Reinaldo Azevedo | 03:26 |
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