O aquecimento global e o Holocausto

Para fanáticos ambientalistas, divergências sobre o aquecimento global são iguais ao negacionismo do massacre de judeus pelos nazistas.		O aquecimento global e o Holocausto Dennis Prager
		07/03 - Não será surpresa se dentro em breve os que negam o aquecimento global passem a ser tratados como negadores do Holocausto e sejam processados. Basta esperar. Isso é muito mais provável que a elevação dos oceanos.

Em sua última coluna no Boston Globe, a colunista Ellen Goodman escreveu: “Digamos que quem nega o aquecimento global é, hoje, o equivalente a quem nega a existência do Holocausto ...”

Isso merece alguma análise.

Em primeiro lugar, isso reflete a grande diferença entre o modo como a esquerda e a direita vêem uma e outra. Com poucas exceções, aqueles à esquerda tendem a considerar seus adversários ideológicos como pessoas más, isto é, pessoas com más intenções, enquanto aqueles à direita tendem, usualmente, a considerar seus adversários como errados, talvez perigosos, mas não maus [*].

Aqueles que negam o Holocausto estão entre os maus deste mundo. Sua preocupação não é a História mas ferir os judeus e a tentativa deles de encobrir seis milhões de mortes, e os indizíveis sofrimentos disso decorridos empresta um novo significado à palavra “cruel”. Comparar aqueles que questionam ou negam o aquecimento global com os que questionam ou negam o Holocausto é atribuir àqueles os nefandos motivos destes. Pode ser inconcebível a Al Gore, Ellen Goodman e aos seus milhões de apoiadores que uma pessoa possa deles discordar a respeito do aquecimento global e não ter motivos perversos; tal indivíduo deve receber dinheiro de uma companhia petrolífera para mentir, ou mentir – como quem nega o Holocausto – por alguma outra razão vil.

A crença de que os oponentes da esquerda são moralmente similares aos nazistas foi recentemente expressa por outra figura proeminente da esquerda, George Soros, o bilionário que banca uma miríade de projetos esquerdistas. No último Fórum Econômico Mundial em Davos, Soros clamou por uma desnazificação dos EUA tal como a empreendida pela Alemanha depois do Holocausto e da II Grande Guerra. Para Soros, os EUA no Iraque são como os nazistas na Polônia.

Uma segunda lição a ser tirada da afirmação de Goodman é que ela nos ajuda a entender melhor um dos lemas definidores do esquerdismo contemporâneo: “Questione a autoridade”. Na realidade, essa admoestação se aplica ao questionamento da autoridade moral Judaico-Cristã ou a qualquer autoridade conservadora secular, mas não a qualquer outra autoridade. A ONU ou outros especialistas nos dizem que há aquecimento global; tais autoridades não devem ser questionadas.

Em terceiro lugar, igualar a negação do aquecimento global à do Holocausto trivializa a negação do Holocausto. Se questionar o aquecimento global é equivalente a questionar o Holocausto, que mal há em questionar o Holocausto? O mesmo se aplica aos nazistas e o comentário de George Soros. Alegar que a presença dos EUA no Iraque é moralmente equivalente às ações da Alemanha nazista na II Grande Guerra, trivializa o incomparável mal dos nazistas.

Em quarto lugar, a falta de resposta (até agora) de qualquer organização ou indivíduo esquerdista – exceto para defender Ellen Goodman – ou da Anti-Defamation League [Liga Anti-Difamação] (ADL), organização cujo propósito principal tem sido defender os judeus, é eloqüente. Apenas imagine se, por exemplo, um proeminente cristão tivesse escrito que negar que os EUA sejam um país cristão é o mesmo que negar o Holocausto. Haveria matéria de primeira página em toda a grande mídia, esse indivíduo seria simplesmente esfolado por todos os grupos ou indivíduos de esquerda, e a ADL teria citado este fato como um exemplo do gérmem do anti-semitismo cristão e da trivialização do Holocausto. Mas a ADL não disse sequer uma palavra a respeito dos comentários de Soros sobre a desnazificação dos EUA ou sobre a alusão de Goodman a respeito da negação do Holocausto.

Em quinto e último lugar, o comentário de Ellen Goodman é somente o começo do que já está se tornando uma das maiores campanhas de vilificação de pessoas decentes da história – a condenação global de: a) qualquer um que questione o aquecimento global; ou de b) qualquer um que concorde que haja aquecimento global, mas que questione que o comportamento humano seja a sua principal causa; ou de c) qualquer um que concorde que haja aquecimento global, e até concorde que o comportamento humano seja sua principal causa, mas não acredita que as conseqüências serão, nem de longe, catastróficas como as apregoadas por Al Gore.

Se você tem uma dessas três opiniões, você será colocado junto aos que negam o Holocausto e não seria surpresa que logo, na Europa, os que negam o aquecimento global passem a ser tratados como negadores do Holocausto e sejam processados. Basta esperar. Isso é muito mais provável que a elevação de 6 metros dos oceanos. Ou mesmo de 3 metros. Ou mesmo de 1,5 metros.

[*] Esse fenômeno é antigo. Thomas Sowell se refere a ele em seu livro The Vision of the Anointed. Logo no primeiro capítulo do livro, ele menciona uma crítica de Malthus a William Godwin e Condorcet, no século XVII, que incluía o cometário: “Não duvido dos talentos de tais homens como Godwin e Condorcet, não duvido da sinceridade deles”. Ao que Godwin respondeu, chamando Malthus de “pernicioso”, questionando “a humanidade deste homem” e dizendo que “confesso-me confuso a respeito da matéria que constitui este homem”. (N. do T.)

Dennis Prager é, além de colunista da Townhall, um dos radialistas conservadores de maior audiência nos EUA.

Publicado por Townhall.com

Traduzido por Antônio Emílio Angueth de Araújo

Nota Editoria MSM: sobre o assunto, recomenda-se a leitura dos artigos na Editoria Ambientalismo.